Pajés e missionários jesuítas na fronteira amazônica (Amapá e Guiana Francesa)

Autores

  • Bruno Rafael Machado Nascimento Secretária Estadual de Educação - SEED/AP

Palavras-chave:

Jesuítas, Pajés, Guiana francesa, Amapá, Oiapoque

Resumo

Este artigo tem por objetivo discutir as relações entre pajés e missionários jesuítas a serviço de Portugal e da França na segunda metade do século XVII e primeira do XVIII na fronteira setentrional (atualmente os territórios do Estado do Amapá e da Guiana francesa). As principais fontes utilizadas foram os escritos dos membros da Companhia de Jesus, a saber: a Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão escrita pelo inaciano João Felipe Bettendorff no final do século XVII e uma carta escrita em 1738 do Oiapoque pelo missionário francês Élzear Fauque. A forma de abordagem dessas fontes foi a leitura nas entrelinhas a partir do diálogo entre História e Antropologia. Dessa forma, foi possível compreender as representações que os padres fizeram dos pajés: participantes de revoltas e enganador, mas também como os xamãs agiram em situações assimétricas.

Referências

AGNOLIN, Adone. O apetite da antropologia: o sabor antropofágico do saber antropológico – alteridade e identidade no caso tupinambá. São Paulo: Humanitas, 2005.

AIMÉ-MARTIN, Louis (Ed.). Lettres édifiantes et curieuses, concernant l’Asie, l’Afrique et l’Amerique, Avec quelques nouvelles des Missions et des notes géographiques et historiques. 2 volumes. Paris: A. Desrez, 1839.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

ANDRADE, Ugo Maia. Xamanismo e redes de relações interindígenas: Amazônia e Nordeste brasileiro. Vivência: Revista de Antropologia, Natal, v. 1, n. 54, p. 84-100. 2019. Disponível em: https://incubadora.ufrn.br/vivencia/article/view/21542. Acesso em: 08 nov. 2021.

ARENZ, Karl. “Pajés celebrando missa, ouvindo confissão e pregando a salvação”: a ressignificação simbólico-ritual em aldeamentos jesuíticos na Amazônia portuguesa. In: FERNANDES, Eunícia (Org.). A Companhia de Jesus e os índios. Curitiba: Editora Prismas, 2016. p. 173-200.

BETTENDORFF, João Felipe. Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves/Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

BOCCARA, Guillaume. Fronteras, Mestizage y Etnogênesis en las Américas. In: MANDRINI, Raúl; PAZ, Carlos D (Edi.). Las fronteras hispanocriollas del mundo indígena latino-americano en los siglos XVIII-XIX: un estudio comparativo. Tandil: IEHS/CEHIR/UNS, 2003. p. 1-53.

Carta régia de 21 de dezembro de 1686. Instruções ao governador do maranhão sobre relações com os franceses, construção de fortalezas, missões, resgate dos índios. In:ANDRADE E SILVA, José Justino de. Collecção Cronologica da Legislação Portugueza. 1683-1700. Lisboa: Imprensa Nacional, 1859. Disponível em: http://www.governodosoutros.ics.ul.pt/?menu=consulta&id_partes=103&id_normas=28583&accao=ver. Acesso em: 04 nov. 2021.

CARVALHO JÚNIOR, Almir Diniz de. Conectando sentidos. Índios cristãos e a domesticação do cristianismo. In: FERNANDES, Eunícia (Org.). A Companhia de Jesus e os índios. Curitiba: Editora Prismas, 2016. p. 51-71.

CASTELNAU-L’ESTOILE, Charlotte de. De l’observation à la conversation: le savoir sur les Indiens du Brésil dans l’oeuvre d’Yves d’Évreux. In: CASTELNAUL-L’ESTOILE, Charlotte de; COPETE, Marie-Lucie; MALDAVSKY, Aliocha; ZUPANOV, Ines G. Missions d’évangélisation et circulation des savoirs XVI – XVIII siècles. Madrid: Casa de Velázquez, 2011. p. 269-294.

COLLOMB, Gérard. Missionnaires ou chamanes? Malentendus et traduction culturelle dans les missions jésuites en Guyane. In: BACOT, Jean-Pierre; ZONZON, Jacqueline (dir.). Guyane: Histoire & Mémoire. La Guyane au temps de l’esclavage, discours, pratiques et représentations. Matoury (Guyane): Ibis Rouge Editions, 2011. p. 435-455.

CRUZ, Carlos Henrique A. Padres, Pajés e Feiticeiros: interações culturais e conflitos na Amazônia portuguesa do século XVIII. Tempos Gerais – Revista de Ciências Sociais e História – UFSJ, São João Del Rei, v. 3, n. 1, p. 64-90. 2014. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/temposgerais/article/view/1659. Acesso em: 07 nov. 2021.

FAUSTO, Carlos. Se Deus fosse jaguar: canibalismo e cristianismo entre os Guarani (séculos XVI-XIX). Mana, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 385-418. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mana/a/9C8CKQxpNVZn3kfvdLpGf4q/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 07 nov. 2021.

GASBARRO, Nicola. Missões: a civilização cristã em ação. In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006, p. 67-109.

LANGFUR, Hal. The forbidden lands: colonial identity, frontier violence, and the persistence of Brazil Eastern Indians, 1750-1830. Stanford: Stanford University Press, 2006.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes na origem de São Paulo. 2. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MONTERO, Paula. Índios e missionários no Brasil: para uma teoria da mediação cultural. In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006b, p. 31-66.

MONTERO, Paula. Introdução. In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006, p. 9-29a.

NASCIMENTO, Bruno Rafael Machado. Ad majorem Dei gloriam: missões jesuíticas setecentista no Oiapoque e os usos de documentos históricos para o ensino de História no Amapá. Rio de Janeiro: Autografia, 2018.

NASCIMENTO, Bruno Rafael Machado. Entre matas, rios e igarapés: a História colonial do Amapá. Rio Branco: Nepan Editora, 2021.

NASCIMENTO, Bruno Rafael Machado. Indígenas e jesuítas na fronteira amazônica colonial: o caso das terras do Cabo do Norte. Revista Latino-Americana de História, São Leopoldo – RS, v. 9, n. 23, p. 182-204, jan./jul. 2020. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/1011. Acesso em: 07 nov. 2021.

POMPA, Maria Cristina. Religião como tradução: Missionários, Tupi e “Tapuia” no Brasil colonial. Tese (doutorado) em Ciências Sociais. Campinas-SP, UNICAMP, 2001.

PRATT, Mary Louise. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturações. Bauru-SP: EDUSC, 1999.

PROVISÃO. 01-04-1680. In ABN. Livro Grosso do Maranhão, vol.66, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. p. 51-56. Disponível em: http://transfontes.blogspot.com.br/2010/02/provisao-de-1-de-abril-de-1680.html. Acesso em: 04 nov. 2021.

RIO BRANCO, Barão do. Obras do barão do Rio Branco III: questões de limites Guiana Francesa primeira memória. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.

VERWIMP, Régis. Les jésuites en Guyane Française sous l’Ancien Régime (1498-1768). Matoury: Ibis Rouge Éditions, 2011.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de Antropologia. São Paulo: COSACNAIFY, 2002. p. 183-264.

WILDE, Guillermo. La invención de la religión indígena: adaptación, apropriación y mímesis en las fronteras misioneras de Sudamérica colonial. Anais de história de além-mar, Lisboa/Ponta Delgada, XVII, p. 21-58. 2016.

Downloads

Publicado

15.05.2022

Edição

Seção

ST: Dossiê - Histórias, culturas e linguagens amazônicas